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Como fica a experiência dos decisores na era dos dados?

Você já ouviu falar na sigla DDD? Essa sigla vem do Inglês “data driven decision making” que em livre tradução significa Tomada de decisão orientada por dados.


Ah, os Dados!!!!


Em um estudo de 2011 Brynjolfsson e seus colegas*1 examinaram se as empresas que enfatizavam a tomada de decisão com base em dados e análise de negócios (“tomada de decisão orientada por dados” ou DDD) apresentavam desempenho superior. Usando dados de pesquisa detalhados sobre as práticas de negócios e investimentos em tecnologia da informação de 179 grandes empresas de capital aberto, descobriram que as empresas que adotavam o DDD tinham produtividade 5 a 6% maiores do que o esperado, considerando seus outros investimentos e uso de tecnologia da informação. Além disso, a relação entre DDD e desempenho também apareceu em outras medidas de desempenho, como utilização de ativos, retorno sobre o patrimônio e valor de mercado.


De 2011 para cá a possibilidade de uso de dados pelas organizações aumentou exponencialmente. Uma empresa do agronegócio não precisa mais aplicar defensivo agrícola em toda a fazenda, mas apenas nos locais em que as fotos das plantas, transformadas em dados predizem a presença de pragas. Um varejista já não precisa mais oferecer qualquer produto aos seus clientes mas apenas aqueles que têm relação com o seu padrão de consumo, uma indústria pode olhar dados produzidos pelos seus equipamentos para tomar decisões mais assertivas na produção e assim por diante, todas as áreas e segmentos organizacionais podem usar dados para melhorar o seu nível decisório, do operacional ao estratégico.


E a experiência dos decisores?

A forma como o ser-humano usa a sua experiência na tomada de decisão vem sendo estudada ao longo do tempo de forma exaustiva. Diariamente tomamos uma série de decisões nas nossas organizações, das mais simples às mais complexas. Você conhece alguém nas suas relações comerciais que toma decisões com muita assertividade no seu domínio? Aposto que sim.


O psicólogo Gary Klein, citado por Kahneman*2, conta a história de uma equipe de bombeiros que entrou numa casa na qual a cozinha pegava fogo. Assim que começaram a jogar água com a mangueira, o comandante ouviu sua própria voz berrando “Todo mundo pra fora, já!”, sem perceber o motivo de ter feito isso. O chão desabou quase imediatamente após os bombeiros escaparem. Somente após o fato ocorrido o comandante se deu conta de que o incêndio estava surpreendentemente silencioso e de que suas orelhas ficaram extraordinariamente quentes. Juntas, essas impressões induziram o que ele chamou de “sexto sentido do perigo”. Ele não fazia ideia do que estava errado, mas sabia que havia alguma coisa errada. Como se descobriu depois, o foco do incêndio não era a cozinha, mas o porão, sob o lugar onde os homens haviam estado. Na mesma linha, Herbert Simon, que estudou mestres enxadristas, mostrou que após milhares de horas praticando, eles passam a ver as peças no tabuleiro de modo diferente do resto de nós.


Então a pergunta é: “como deixar de levar em conta a opinião de pessoas extremamente experientes agora que temos dados para apoiar as decisões”?


Cuidado com o efeito manada

Os Elefantes se deslocam em manada e com as novas tecnologias não é muito diferente. A cada nova técnica ou tecnologia disponível o mundo corporativo se afasta ao máximo do modelo anterior na forma de uma manada. E não tem sido diferente com o uso de dados.


Não há mais dúvidas de que os dados são fundamentais para as decisões atualmente. William Edwards Deming cunhou a célebre frase: “Sem dados você é uma pessoa qualquer com uma opinião”. E olha que Demming nos deixou no longínquo ano de 1993 quando Big Data ainda não era uma realidade, mas isso só afirma o quanto os dados e informações são realmente importantes para as decisões;


Mas o ponto que pede a reflexão é: já que agora todos nós temos consenso de que os dados são fundamentais, não deveríamos nos deixar levar pelo efeito manada passando a desconsiderar a experiência das pessoas experientes.


Continue a valorizar as pessoas

Note que, exceto por casos altamente automatizados, as decisões continuam a ser tomadas pelas pessoas e ouvir a voz da experiência continua a ser muito importante. Enfim, é o equilíbrio entre o uso dos dados e a experiência das pessoas que gera as melhores decisões.


Quer conhecer um pouco mais sobre alfabetização de dados?

Veja o link para o nosso programa corporativo de alfabetização de dados:





Vamos mudar o mundo com dados? Vem conosco!

Eu adoraria receber seus comentários e críticas sobre o assunto neste artigo que faz parte da nossa newsletter quinzenal “Data & Analytics para líderes”.

Referências

*1 Brynjolfsson, Erik and Hitt, Lorin M. and Kim, Heekyung Hellen, Strength in Numbers: How Does Data-Driven Decisionmaking Affect Firm Performance? (April 22, 2011). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=1819486 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.1819486


*2 KAHNEMANN, Daniel. Rápido e devagar: Duas formas de pensar. - 1a Ed. Rio de janeiro: Objetiva, 2012.


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Este texto foi originalmente publicado na newsletter que Henrique Portella criou no Linkedin. Clique aqui para se inscrever gratuitamente e receber os conteúdos em primeira mão.

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